Com a pandemia, a política do medo tem ganhado ares inéditos e interessantes (para o pior) no Brasil.
Com o início das políticas de lockdown, mesmo com elas sendo necessárias, o presidente Jair Bolsonaro tem se utilizado da impopularidade delas para construir seu próprio capital político. Como um príncipe inflamando seu povo contra a “tirania” dos barões do Congresso, o presidente tem se utilizado da retórica do medo desde o início da pandemia. As afirmações vão desde que o povo iria morrer de fome até que as medidas seriam o princípio do fim das liberdade civis. Mesmo entre o eleitorado bolsonarista é claro que o principal argumento contra as medidas e a favor do presidente é a suposta guerra contra a “tirania chinesa” que teria criado o vírus e agora queria tirar nossas liberdades individuais. Para a peça ficar ainda mais quixotesca, em um ato claro de uso de poder semiótico, o presidente convocou uma “cruzada” contra os tirânicos políticos anti-cloroquina.
Estaria Bolsonaro sendo astuto como o príncipe idealizado por Maquiavel? Confira na análise a seguir.