Estônia é um país famoso por sua alta digitalização e inovações tecnológicas. Não é à toa que a sociedade estoniana é chamada muitas vezes de e-Estonia. A e-Estonia é caracterizada pela facilidade de interações de seus cidadãos e residentes com o Estado por meio do uso de soluções de TIC (Tecnologias de informação e comunicação).
Agora qual sua relação com o tecnoliberalismo? O tecnoliberalismo pode ser resumido da seguinte forma: “Filosofia política fundada em ideias de liberdade, individualidade, responsabilidade, descentralização e autoconsciência. Também destaca a ideia de que a tecnologia deve estar disponível para todos com o mínimo de controle. Suas crenças centrais se encaixam em cinco interesses principais que incluem Construção do Governo, Economia, Liberdades Civis, Educação e Ciência e Meio Ambiente. Os tecnoliberais apoiam ideias como equilíbrio de poderes no governo, descentralização, educação acessível, proteção do nosso planeta, Belas Artes e liberdade de expressão e tecnologias de comunicação.” Conseguiu enxergar a relação?
O modelo estoniano é caracterizado por um forte livre mercado, incentivos ao empreendedorismo, Imposto sobre o valor da terra (Land Value Tax), educação e saúde acessíveis, parcerias público-privadas, uma democracia consolidada, alta digitalização de serviços públicos (até mesmo coisas como voto, declaração de impostos e residência são digitais).
Como a Estônia conseguiu isso?
Digitalização estoniana
Após a Restauração da Independência da Estônia em 1991, o país se deparou com a necessidade de construir uma nova infraestrutura tecnológica com poucos recursos, enquanto tentava alcançar o Ocidente o mais rápido possível. A maior parte da infraestrutura existente era legado soviético; menos da metade da população da Estônia tinha uma linha telefônica. O primeiro primeiro-ministro Mart Laar e seu governo viram isso como uma oportunidade para construir sistemas de ponta de baixo custo baseados em acessibilidade e eficiência. Ele impulsionou o país por um período de modernização, estabelecendo a base necessária para trazer o país à era digital. Como resultado, as pessoas deixaram de ter conexões telefônicas para comprar telefones celulares, fazendo com que a Estônia ultrapassasse completamente o mundo analógico.
Um dos principais pilares da história de sucesso da digitalização da Estônia foi o programa Tiigrihüpe (Tiger Leap) iniciado em 1996 pelo então embaixador da Estônia nos Estados Unidos, posteriormente presidente da Estônia, Toomas Hendrik Ilves, e o então ministro da Educação, Jaak Aaviksoo. A ideia deste projeto era investir pesadamente no desenvolvimento e expansão da infraestrutura de computadores e redes na Estônia por meio de parcerias público-privadas, com ênfase particular na educação. Como resultado, em 1997, 97% das escolas da Estônia tinham conexão com a internet.
Índices
A Estônia é um país desenvolvido com uma economia avançada de alta renda que estava entre as que mais cresciam na UE desde sua entrada em 2004. O país tem uma classificação muito alta no Índice de Desenvolvimento Humano, e se compara bem em medidas de liberdade econômica, liberdades civis, educação, qualidade de vida, digitalização de serviços públicos e liberdade de imprensa.



Conclusão
Hoje encontramos uma Estônia com fortes influências liberais, seja na economia ou na política, visando uma sociedade tecnológica. O princípio descentralizador do liberalismo pode desaguar naturalmente no tecnoliberalismo e em outras formas de desenvolvimento tecnológico que visam a desburocratização e descentralização da sociedade.

Tem 21 anos e estuda economia. Também é músico, escreve e é apaixonado por artes em geral.