Assim como Darwin para a evolução ou Newton para a Física, o valor de Adam Smith para a ciência econômica é histórico: ele é, com razão, considerado o maior nome dessa ciência, mas você, pobre mortal, não vai aprender mais lendo ele do que se ler um manual de economia moderno e/ou conseguir encontrar insights que ninguém mais conseguiu. Mentes brilhantes tiveram séculos para ler, reler e extrair o melhor do cara, colocar numa linguagem palatável e descartar aquilo que estava errado, ou que pelo menos não vale mais para o mundo atual.
Isso não quer dizer que ler Adam Smith seja uma perda de tempo, mas que se seu objetivo é aprender economia existem sim autores melhores. Como as demais ciências, a economia se modernizou e a pesquisa hoje utiliza metodologia de ponta, que não estava disponível para os escoceses do século XVIII. Sua obra pode ser seminal (a originalidade de Smith é assunto para outro post), mas não é insubstituível. Eu costumo dizer que nenhum livro fez tão bem para o mundo quanto "A Riqueza das Nações", mas nem mesmo Smith permaneceu mais de cem anos como a grande referência direta e primária em economia: já no século XIX, autores como Alfred Marshall escreveram manuais que se tornaram amplamente utilizados por economistas ao redor do mundo. Estes foram substituídos por outros manuais, como os do economista americano ganhador do Prêmio Nobel Paul Samuelson, que por sua vez, já estão caindo em desuso também, substituídos por autores mais jovens. Trata-se de um processo normal e saudável na ciência, que vem se acelerando com o tempo.
Em que isso tudo tira o mérito de Smith? Em nada; ele é muito mais importante e influente que o Mankiw ou o Acemoglu vão ser um dia, mas depender dele até hoje só por ser o maior de todos seria um erro que não podemos cometer. Sem dúvida, tal erro foi cometido pela Igreja Católica ao condenar Galileu Galilei, que entendia que Aristóteles, uma mente talvez ainda mais brilhante e influente que Smith, não poderia ser superado.
E onde Marx entra nessa história? Simples. Ele também tem valor histórico, mas muitos marxistas leem Marx da mesma maneira que cristãos leem a Bíblia, ou seja, como a grande fonte primária para buscar o entendimento do mundo. Claro, outros autores construíram ideias em cima de Marx, mas, ao que me consta, nenhum livro didático marxista moderno tem a pretensão de substituir "O Capital" como uma referência primária. Ao contrário, interpretações e guias de como ler Marx, como os do geógrafo inglês David Harvey, do economista americano Harry Cleaver, ou do filósofo francês Louis Althusser, se multiplicam.
É perfeitamente possível que um grande liberal moderno jamais leia Smith e faça contribuições para a ciência econômica (o que, é claro, não quer dizer que muitos não acabem lendo). Comparando novamente com a Física, qual seria a forma correta de se estudar as Leis de Kepler e Newton, suas demonstrações geométricas em "Principia", ou a leitura livros didáticos modernos? A resposta parece óbvia, mas devorar "O Capital" duas, três vezes continua obrigação para qualquer marxista sério, do mesmo jeito que teólogos leem a Bíblia. O problema é atenuado em outras áreas mais abstratas do conhecimento, como a filosofia (no caso liberal, o "Segundo Tratado de Governo", cerca de 90 anos mais velho que "A Riqueza das Nações", permanece uma leitura atual), mas não na economia, que tem caráter essencialmente científico. Até conseguirem superar seu principal mentor, o simples fato de a principal referência bibliográfica da economia marxiana ser um livro publicado há 150 anos só servirá como mais uma prova do caráter religioso e anticientífico desta.

Não precisa nem falar de economia ou física, nas ciências sociais no geral marxistas acham que têm carta branca para usar um autor do século XIX, ninguém fora da linha de pesquisa deles faz isso.
Então estou conhecendo melhor estes fatos agora é gostaria de estar discutindo fazendo perguntas conteúdo muito interessante