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novembro 9, 2021

Você deve ter lido dezenas de críticas ao fato de Bolsonaro ter conseguido matricular a filha Laura Bolsonaro, de 11 anos, no Colégio Militar de Brasília sem passar pelo rigoroso processo seletivo. Detalhe importante: há mais de 1.000 pessoas inscritas disputando 15 vagas para 2022.

De fato, um mau exemplo. Mas por outro lado, funciona como uma dose de reforço de uma vacina hipotética contra o vício do “duplo critério”.

A primeira dose foi em julho de 2019 quando o pior presidente da história do Brasil decidiu nomear o filho Eduardo como embaixador nos EUA. Entre os atributos que o qualificariam para o cargo estava ter aprendido a fritar hambúrgueres por lá.

Como observei na ocasião, uma legião de pessoas que demonizam a meritocracia se manifestaram contra a ideia ridícula e repetem as críticas agora.

Quem usualmente ataca a meritocracia e critica Bolsonaro nos dois casos acima, como se diz em direito, produz prova contra si mesmo: a prova da inconsistência de seus argumentos. Revela-se adepto do duplo critério, ou seja, não age por princípios e sim por conveniência. Quem faz isso não é melhor ou mais ético que Bolsonaro. Talvez seja mais esperto e mais instruído, mas ambos não agem por princípios, apenas por conveniência.

A lógica indica que a alternativa à meritocracia é o arbítrio, o critério pessoal, o favorecimento a amigos ou grupos de interesse. Logo, quem ataca a meritocracia não deveria espernear quando se vê diante de tais alternativas.

Como já disse diversas vezes, quem sabe o que significa meritocracia não nega a desigualdade de oportunidades e seus efeitos. Não diz, como gostam de afirmar os críticos, que a criança classe média e a que nasce na favela têm a mesma chance de sucesso, dependendo apenas do esforço pessoal. Isto é apenas um espantalho.

Os defensores da Meritocracia defendem que a sociedade deve trabalhar incansavelmente para reduzir as desigualdades de oportunidades na “largada”, ou seja, garantir às crianças de todas as classes sociais saneamento básico, educação de qualidade, saúde e segurança alimentar. Isto é justo e desejável.

Por outro lado, as tentativas de eliminar desigualdades na “chegada”, em geral resultam em arbitrariedades e injustiças, o que deve ser evitado.

De certa maneira, a meritocracia deve ser compreendida como um estímulo a que cada um, individualmente, seja o melhor que puder, ou seja, que aproveite ao máximo cada oportunidade que tem. Uma sociedade que valoriza quem leva isto a sério certamente produz resultados melhores que uma sociedade não meritocrática, tanto do ponto de vista econômico como social.

Publicado originalmente em 30 de outubro de 2021 no blog Questões Relevantes.

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