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julho 19, 2021

Lendo a última pesquisa eleitoral me deparei com isso: "Se Bolsonaro for candidato a presidente no ano que vem, 22,8% disseram que votariam nele com certeza e 11,6% disseram que poderiam votar nele. Por outro lado, 61,8% disseram que não votariam nele para presidente de jeito nenhum e 0,4% disse não conhecê-lo ou saber quem é."

Sim, 0,4% da população não sabe quem é o presidente.

Confesso que por menos de um segundo os invejei. Até vir imediatamente a reflexão óbvia que esses são os mais desprovidos de nosso país, de educação, de cidadania, de tudo.

Mas minha mente não resistiu a embarcar na brincadeira. Que felicidade seria não saber que Bolsonaro é o presidente? Me imaginei sendo entrevistado:

- O Sr. votaria em Bolsonaro?

- Quem é Bolsonaro?

- O presidente?

- Não, meu presidente é o Temer.

- Sr, esse não é mais o presidente. Você acabou de me dizer também que tem superior completo… o Sr. está se sentindo bem?

- Fazia tempo que não me sentia tão bem! - E suspiro do outro lado da linha com imagens na mente de nosso querido vampirão.

Por qual motivo eu não deveria embarcar nessa autoilusão? Mantemos a crença em várias ilusões úteis para nos sentirmos bem, para nos mantermos civilizados.

Ademais, Bolsonaro tenta destruir tantas destas preciosas autoilusões que nos são tão caras: o respeito às regras do jogo democrático, o bom senso e o decoro esperados de um presidente, etc. Bolsonaro destrói a autoilusão da normalidade, nos coloca em situações mentais que seriam impensáveis no mundo que aprendemos como sendo real. Por exemplo, era totalmente do universo do fantástico a ideia de que minha sogra idosa me perguntaria o que é Golden Shower. Mas Bolsonaro me proporcionou isso.

Eu não deveria ter que um dia explicar o que é Golden Shower a minha sogra. Obrigado Bolsonaro.

Ok, não devemos desistir do impeachment. Ou da renúncia. Ou tirarmos ele nas próximas eleições. Mas, se por alguma contingência mais absurda que sua eleição original, o incontinente se reeleger, já torno aqui pública minha decisão: se alguém me perguntar, não sei quem é Bolsonaro. No máximo era um deputado lá do Rio de pouca expressão e que aparecia no Superpop. Desde então, ninguém soube mais de seu paradeiro. O cargo de presidente? Está vago. Como ato final, Michel Temer entregou a gestão do país para a grande Inteligência Artificial. "Torna-la-ei responsável por liderar a Nação", teria dito em seu último pronunciamento.

Qualquer notícia em desacordo é fakenews, taokei?

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