Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra um jovem de 17 anos sendo expulso de um shopping da cidade de Caruaru, em Pernambuco, por usar uma suástica no braço. O símbolo faz apologia ao nazismo, ideologia associada ao ditador Adolf Hitler, responsável por uma das maiores tragédias registradas pela história. Mas afinal, o culto ao nazismo, seus símbolos e o ódio dessa ideologia não foram eliminados com o fim da 2ª Guerra Mundial? A resposta é negativa.
Aprendemos na escola sobre os horrores que a ascensão do nazismo e do fascismo causaram antes e durante a 2ª Guerra Mundial. Hitler, um dos ditadores mais sanguinários que o mundo já viu, orquestrou uma ideologia de assassinato em massa, racismo e desprezo pelas raças que considerava “inferiores”. O que deveria estar registrado somente em livros de história, continua a ser defendido ainda hoje por grupos de extrema-direita, partidos e líderes políticos em vários países. Não se trata apenas de uma ideia antiga, mas de uma convicção que deve ligar o sinal de alerta.
Em 2017, na cidade de Charlottesville, nos Estados Unidos, uma manifestação de um grupo extremista chocou o país e rapidamente tomou o noticiário pelas pautas que defendiam: ódio a imigrantes, negros e defesa do que chamavam de “supremacia branca”. O que deveria ser um ato deplorável ganhou defensores que consideraram como “liberdade de expressão”. Na verdade, não se trata exatamente de liberdade, mas de uma grave ameaça. E não se engane: aqui no Brasil os absurdos são semelhantes.
Embora não tenha as mesmas motivações dos americanos, a versão brasileira do extremismo é igualmente perigosa. A campanha presidencial de 2018 e a eleição de Bolsonaro mostraram o que um grupo de radicais de extrema-direita pode causar. Durante a campanha, uma das falas mais absurdas do então candidato foi “vamos fuzilar a petralhada do Acre”. Esse foi um gatilho para que os seguidores fiéis do presidente chegassem ao extremo de agredir eleitores do candidato oposto.
Você, caro leitor, deve se perguntar qual a relação entre os casos do início do texto e o Brasil. Eu explico didaticamente. A crença em “salvadores” e líderes fortes que prometem salvar a nação da crise foi um dos motivos que levaram ditadores ao poder. Supostamente ungidos por uma força divina, o apoio a esses políticos dá autorização para que eles promovam diversas atrocidades, sempre apoiadas pelos seguidores. E que atrocidades seriam essas? A recusa de ofertas de milhões de vacinas contra a Covid-19, a falta de protocolo e a negação de métodos científicos eficazes para conter um vírus levaram à morte de mais de meio milhão de brasileiros. E não para por aí. Ataques à imprensa, ofensas e agressões a quem ousa discordar do governo, sem falar das ameaças às instituições, são tipos de atitudes que se assemelham aos regimes totalitários que causaram a tragédia da Grande Guerra. Não estou dizendo que estamos à beira de um conflito como esse, mas é preciso ter a consciência que se a gente tolera esses atos hoje, estamos colocando em risco o que temos de mais precioso, que é nossa liberdade. E garanto a você que perdê-la é uma catástrofe sem tamanho. Permaneçamos, pois, alertas aos “mitos”.

Jornalista, acadêmico de Direito na Universidade da Amazônia e coordenador estadual do Students For Liberty no Pará. Escreve sobre questões contemporâneas, envolvendo política, liberdades civis, Constituição e Estado de Direito.