Procure no site:

maio 3, 2021

Desde o início da crise sanitária da COVID-19, diversos países ao redor do mundo tem procurado alternativas para diminuir os riscos e a transmissão do vírus. Uma das estratégias mais amplamente adotadas desde o início foi o investimento na bicicleta como modo de transporte. Algumas cidades, como Bogotá e Paris, investiram em ciclovias pop-up, estruturas improvisadas com cones de trânsito para garantir a separação entre ciclistas e o trânsito. A estratégia deu resultado e hoje as ruas de Paris se veem tomadas de bicicletas:

Ciclistas em rua no centro de Paris: na cidade-luz, as bicicletas são cada vez mais presentes. Reprodução: france24

A explicação é simples: em um momento em que a orientação é evitar ambientes fechados com aglomerações, a bicicleta se torna uma opção com um risco consideravelmente menor em relação ao transporte público. Sendo assim, estimular e apoiar o uso da bicicleta — e da caminhada — se torna também uma questão de saúde pública, que pode inclusive salvar muitas vidas.

Apesar disso, não é o que se viu no Brasil. Mesmo nas cidades brasileiras com um histórico de apoio ao uso da bicicleta não houveram iniciativas para expansão emergencial da rede de ciclovias e ciclofaixas, inclusive com muitas dessas estruturas sendo fechadas e tratadas como atividade não essencial. Durante a primeira onda da pandemia de COVID-19, a ciclovia do rio Pinheiros, na capital paulista, foi fechada. Algumas cidades, como Niterói, no Rio de Janeiro, chegaram a inclusive fechar seus bicicletários.

Além disso, na ordem de reabertura, não é raro de se encontrar cidades que reabriram bares, igrejas e restaurantes — ainda com os índices de contágio muito altos — e mantiveram os parques fechados. Foi o caso do Rio de Janeiro: atividades como cultos presenciais nem sequer foram suspensas enquanto espaços como parques, com um risco consideravelmente menor, foram fechados (aqui e aqui).

Como se pode perceber, as cidades brasileiras perderam uma grande oportunidade em reformular seus espaços urbanos, garantindo um uso mais racional e centrado no uso da caminhada e da bicicleta. Além de um problema urbanístico agora também se trata de um problema epidemiológico, visto que a mobilidade ativa — caminhada e bicicleta — é uma opção bem mais segura do que o transporte público lotado.

Enquanto não tratarmos a mobilidade ativa como prioridade em nossas cidades seguiremos com engarrafamentos, poluição e contágios por COVID-19.

Publicado originalmente no blog do Ágora.lab (aqui) e republicado com permissão dos autores.

Deixe seu comentário. Faça parte do debate