De acordo com a hipótese do mercado eficiente, se todos os investidores tem a mesma informação e se comportam racionalmente, todos os ativos terão seus preços determinados ‘corretamente’. Nessas condições, se torna impossível para o agente individual ‘superar’ o mercado consistentemente.
A hipótese do mercado eficiente é costumeiramente discutida em contexto financeiro, mas pode, a princípio, aplicar-se (ou falhar ao ser aplicada) em qualquer mercado, incluindo a filantropia. Se todos os filantropos estão tentando ajudar ao máximo os outros, e contam com informações disponíveis publicamente, então de acordo com a hipótese do mercado eficiente, os recursos para este propósito estarão alocados otimamente. Mais eficiente o mercado da filantropia, mais difícil será identificar oportunidades de doação mais evidenciadas (que provavelmente já foram abocanhadas anteriormente por outros filantropos).
A hipótese do mercado eficiente aplicada ao mercado financeiro é controversa, e há boas razões para se crer que o mercado da filantropia é menos eficiente que o mercado de finanças. Maximizar retorno de investimentos é a motivação predominante entre investidores, enquanto que filantropos frequentemente possuem outras motivações, nem sempre tão racionalizadas quanto a de investidores. Além disso, diferentes doadores tem diferentes crenças morais, então mesmo que cada filantropo fosse motivado exclusivamente por considerações morais, é esperado que houvesse no mercado de filantropia menores níveis de eficiência em comparação com o mercado de finanças.
Mesmo assim, aparentemente o mercado de filantropia parece ser pelo menos parcialmente eficiente. Por exemplo, é difícil encontrar oportunidades de financiamento para distribuição de vacinas: a evidência em favor da distribuição de vacinas é tamanha que esta distribuição já é financiada por grandes instituições.
Um modo de ‘superar’ o mercado no caso da filantropia, seria buscar por oportunidades de doações que recebem menos atenção e acabam sendo subfinanciadas. Isto ocorre talvez por serem menos apelativas, ou mesmo por serem de apreensão mais difícil. Por exemplo, proteção contra riscos de catástrofes globais pode ser subfinanciado devido a uma carga emocional neste âmbito de riscos existenciais em comparação por exemplo a causas destinadas a reduzir a mortalidade infantil. A medida que uma proporção cada vez maior de filantropos forem capazes de identificar causas subfinanciadas (devido, por exemplo, ao crescimento e desenvolvimento do Altruísmo Eficaz), o mercado de filantropia se tornará mais eficiente.
Artigo Original aqui. Essa tradução foi originalmente publicada aqui.
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