Procure no site:

fevereiro 5, 2021

O posicionamento político das atuais variadas vertentes dos ideários pode ser indicado em cinco divisões observáveis em um diagrama de Nolan, agrupados entre esquerda, direita, totalitária, liberal, e centro. Nestes grupos podem ser classificadas as várias correntes sociais, políticas e econômicas, que incluem o comunismo, os socialismos, o fascismo, o monarquismo, os liberalismos, o libertarianismo, os anarquismos, entre outras, incluindo muitas possibilidades de variantes. E o que se vê no mundo real e relevante é que não há purismo destas ideias na prática, e sim um mix criado com essas diversas possibilidades de maiores ou menores liberdades econômicas, pessoais, sociais e políticas. (Não identifiquei uma definição universal, escrita por renomados, e ratificada pelas sociedades que representam o ideário, para indicar o tal “neoliberalismo” nesta lista.)

Algumas das vertentes dos ideários comungam com o mesmo pensamento, como por exemplo no que diz respeito à propriedade privada, ou na adoção de programas sociais, outras são antagônicas e inconciliáveis. E por vezes uma vertente é convergente em algo com outro ideário, mas com pensamentos contrários em outro assunto. Mas com o passar do tempo estas divergências podem diminuir, e até acabar, em função da evolução do pensamento.

Por exemplo, no começo século 20 uma nova tendência do liberalismo surgiu com contribuições de intelectuais como Thomas Hill, John Atkinson Hobson, Milton Friedman, Friedrich Naumann, John Maynard Keynes, Carlo Rosselli, Bertil Ohlin, John Hicks, Miguel Reale, Pierre Elliot Trudeau, Conrad Russell, José Merquior, e John Rawls, entre outros, criando a vertente chamada de liberalismo moderno, ou liberalismo social, ainda defendendo a garantia da liberdade individual que é a principal ideia do liberalismo, mas com o entendimento de que essa liberdade seria possível de ser atingida quando os indivíduos tivessem uma base para legitimá-la, que inclui o direito à saúde, à educação, à previdência, ao emprego ou uma renda, e redução das desigualdades extremas ao nível considerado razoável. Com isso se aproximou da social-democracia, uma variação do socialismo, que surgiu no século 19, divergindo do conceito marxista, pois aceita o capitalismo, mas promove reformas para mitigar seus efeitos adversos e indesejados, fortemente baseada nas teorias de Keynes. Não à toa cada uma delas é considerada como terceira via democrática, e por vezes as pessoas têm dificuldade de diferenciá-las.

Os defensores das vertentes divididas nos 5 grupos costumam identificar problemas associados aos demais ideários, num constante processo crítico (que às vezes inclui ataques a espantalhos, é verdade, rs), num pluralismo que considero salutar para uma boa democracia, e evolutivo, como expliquei acima.

Esse processo evolutivo entendo fazer parte do que seria um conjunto de doutrinas escritas por diversos intelectuais, entre eles Herbert Spencer e Henri Bergson, que consideraram a concepção filosófica evolucionista como inevitável para o desenvolvimento real, em direção a estados mais aperfeiçoados, um modelo fundamental para o constante fluxo de transformações do mundo natural, biológico e espiritual. Sabemos que marxistas dirão que sem grandes e rápidas revoluções não há transformação, e que conservadores dirão que temos que ir mais devagar com isso, mas o fato é que o mundo evoluiu, não é mais o mesmo, e tem mudado a cada dia na mesma medida e velocidade da percepção e disposição humana geral de que isso deva ocorrer para a vida melhorar.

Spencer pensou na ideia de evolução antes mesmo de Darwin, e teve até seu pensamento completamente distorcido por pessoas que o associaram ao Darwinismo Social. Nada mais equivocado, e oportunamente corrigido pelos que estudaram as concepções do filósofo, sociólogo, psicólogo, antropólogo e naturista inglês Herbert Spencer. Ao contrário, ele se opôs, e propôs primeiramente o conceito de evolução no contexto do funcionamento de uma sociedade. Ele propunha que todas as sociedades humanas deveriam seguir o modelo evolucionista, ou seja, uma sociedade que evolua pautada pela associação voluntária e pela racionalidade, jamais defendendo a morte de indivíduos mais fracos, e foi um opositor de governos militares e autoritários, especialmente os que praticaram a eugenia. Sua percepção era a de que a educação seria um importante propulsor para esta evolução, e suas teorias serviram de base para muitos projetos educacionais mundo afora, incluindo em algumas partes do Brasil.

E, inequivocamente, a evolução humana levará à maior demanda por mais liberdades.

O posicionamento das bandeiras não pretende ser exato, até porquê, como muito destes indicadores são baseados em percepções conceituais variáveis, portanto não exatos, acabou por ser apenas uma referência.

Deixe seu comentário. Faça parte do debate