A população de um país pode variar de duas formas:
1) Vegetativa:
Diferença entre a quantidade de nascimentos e mortes.
2) Migração líquida:
Diferença entre a quantidade de gente que entra e sai do país.
Usando os dados demográficos do Banco Mundial, fizemos uma estimativa simples de quanto do crescimento populacional dos países entre 2000 e 2016 se deveu às diferenças entre nascimentos e mortes e quanto foi devido à migração populacional. Para efeito de comparação, a população do Catar saltou de menos de 600 mil no ano 2000 para mais de 2,5 milhões em 2016, um crescimento de 333,9%, em que, dadas as taxas de natalidade e mortalidade entre a população residente, quase tudo disso se deveu à migração.
Existe uma crença difundida por aí de que os países árabes do Oriente-Médio, especialmente os grandes produtores de petróleo, estariam "cruzando os braços " para os fluxos migratórios vindos da Ásia e da África, relegando à Europa a árdua tarefa de acolher essa "quantidade exorbitante" de gente em tão pouco tempo. Nada poderia estar mais distante da realidade.
Os países que mais receberam migração entre 2000 e 2016 em todo o mundo são árabes, muçulmanos e se localizam no Oriente-Médio. Estes países, além de terem recebido enormes fluxos de imigrantes e refugiados em relação ao tamanho de suas populações, já tem uma taxa de crescimento vegetativo naturalmente mais alta, o que aumenta ainda mais a necessidade por investimento em infraestrutura, habitação e capital físico em geral, pra não falar em capital humano. Os países europeus, pelo menos nestes quesitos, estão em melhores condições para acomodar esses fluxos.
Quando olhamos para a tabela de baixo, mostrada a seguir, e comparamos com a de cima, fica claro que a Europa está lidando com pressões migratórias muito mais brandas que os países do Oriente-Médio. Ainda mais porque alguns deles, como a Alemanha, tem a população nativa encolhendo e dependem da migração para compensar a diferença.

Conclusões:
1) O Oriente-Médio não está sendo omisso com os fluxos migratórios. Na verdade é justamente o contrário: Lá é a região do mundo que mais recebe migrantes se levarmos em conta o tamanho da atual população.
2) A Europa não está lidando com um situação migratória extrema quando comparamos de uma perspectiva global. Muitos países muito mais pobres estão acolhendo relativamente mais gente, entre refugiados e imigrantes.
3) Muito da histeria construída sobre este tema não está amparada em fatos objetivos. Existe uma propaganda barulhenta que acaba ofuscando o debate sério e responsável.
OBS: O maior país árabe do Oriente-Médio, a Arábia Saudita, estaria à frente de todos os países europeus da lista com 19,2% de crescimento populacional entre 2000 e 2016 advindo de imigração, apesar de não estar no top 10 do mundo.
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