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novembro 9, 2020

Um dos livros mais importantes dessa década foi sem dúvida "Por Que As Nações Fracassam", escrito pela famosa parceria do economista do MIT Daron Acemoglu com o cientista político da Universidade de Chicago James Robinson. Segundo os autores, o motivo mais determinante de alguns países ficarem ricos e outros permanecerem pobres não são a geografia ou a cultura, mas sim as instituições: países que desenvolvem instituições políticas inclusivas, definidas pelos autores como as que garantem os direitos de propriedade e o império da lei, permitem o avanço das ideias e da tecnologia por meio de destruição criativa, e com governos que fornecem alguns serviços essenciais, como educação e segurança, tendem a enriquecer, pois dão aos membros da sociedade incentivos para produzir e dar o seu melhor. É verdade, os autores trabalham muito mais com exemplos e casos históricos que com evidências empíricas, o que já resultou em críticas ao livro, mas devemos lembrar que trata-se de um livro de divulgação, e a parceria de Robinson e Acemoglu já publicou inúmeros artigos com metodologia de primeira corroborando com seus pontos.

Sem dúvida o livro corrobora com teses que os liberais defendem há séculos, mas também fornece evidências dos erros de libertários, desde os mais delirantes (como dizer que propriedade intelectual atrasa o progresso e que a monarquia absolutista é melhor que a democracia) como de pontos cruciais, especialmente o fato de que uma sociedade complexa pode se organizar sem Estado. Para os autores foi a organização de um Estado centralizado que permitiu a proteção da propriedade privada e a ascensão do capitalismo. Não foi mera coincidência que a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra: este país já apresentava um Estado moderno e instituições inclusivas incipientes antes dos demais, que estavam fragmentados no feudalismo ou à mercê da boa-vontade de tiranos absolutistas. Até hoje, como demonstram os autores, os habitantes de Estados “fracassados” não conseguem proteger a propriedade privada e estão à mercê da lei do mais forte, até porque não há vácuo de poder. O resultado? Só estudarmos o que ocorre nos países mais pobres do mundo: guerras civis intermináveis, corrupção, pobreza, economia estagnada, violação de todo e qualquer direito e liberdade negativa.... Tudo isto poderia ao menos ser atenuado se houvesse um Estado efetivo que garantisse os direitos e não sugasse as forças produtivas da sociedade – e novamente, isto não é novidade para nenhum liberal.

O livro não é perfeito, eu mesmo discordo de diversos pontos. A análise positiva sobre o futuro do Brasil com o PT, por exemplo é sofrível e, creio eu, Acemoglu e Robinson estavam desinformados sobre o que estava acontecendo por aqui no início da década. Mas sem dúvida é uma leitura obrigatória para qualquer um que queira saber sobre desenvolvimento econômico, sejam liberais, socialistas ou libertários.

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One comment on “Acemoglu e Robinson contra os libertários - a importância do Estado para a garantia das instituições”

  1. eu nao sou ancap mas qual é a sua opiniao de autores ancaps que tem texto de sociedades que vivem sem grande interferência do estado criando ate uma linha de pesquisa que sao formados por autores serios apesar de mais heterodoxo como
    peter leeson,chistoper coyne,benjamin powell,edward strigham,bryan caplar é peter boetkke
    tem um artigo muito bom do benjamin powell que faz a analise do debate teorico sobre o tema que se chama anarchism economics que foi publicado pelo public choice
    eu acho que seria bom ter uma analise sobre esse artigo é esse tema

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