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setembro 29, 2020

Defender o livre mercado por uma questão de princípio é um grande erro. A minha defesa do mercado se dá em bases puramente instrumentais/pragmáticas: defendo o livre mercado apenas na medida em que ele é útil para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Defendo o livre mercado porque esta é a instituição humana já criada (de forma não-intencional, diga-se) mais eficiente em alocar recursos. Defendo o livre mercado porque ele minimiza os custos de transmissão de informação e facilita o processamento dos dados relativos ao sistema econômico (o que, quanto e como produzir).

Mas não defendo o livre mercado por princípio. Não o defendo porque o ser humano tem um "direito natural à propriedade". Fazer isso é um grande erro.

Deixa eu explicar o porquê. Vamos fazer um experimento mental. Imagine que o livre mercado não levasse a melhoria de vida que nós observamos, que os custos de transmissão de informação não fossem minimizados através dele e que a alocação de recursos através de um órgão central gerasse uma prosperidade muito maior. Nesse caso, aqueles que se apegam ao livre mercado por princípio estariam, por tabela, defendendo a propagação da miséria e do sofrimento humano -- algo que eles, vejam só, acusam, nesse nosso mundo, os comunistas de fazerem. Mas pera lá, meu querido, qual a tua moral em acusar os comunistas de defenderem a miséria humana se você faria exatamente o mesmo, caso não calhasse de a aplicação dos princípios que você defende de forma dogmática, tomando-os por naturais, imutáveis, levar à prosperidade material?

Pelo menos alguns libertários loucos, como o Paulo Kogos, admitem que eles são jihadistas do livre mercado. Diz ele que a sua defesa do livre mercado se dá por bases estritamente morais, e que é uma graça de Deus que a aplicação dos valores que ele defende coincide com o aumento da prosperidade humana.

Não sejam como Kogos.

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