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setembro 29, 2020

A pior coisa que aconteceu nesse país foi a esquerda ter conseguido o monopólio da pauta humanista/humanitária. Por conta disso, a galera não consegue mais nutrir simpatia ou empatia pela integridade humana sem sentir uma pequena dose de conflito identitário.

Muito menos consegue prezar pela sustentabilidade institucional, que há de garantir a aplicabilidade e exercício da condição humana digna, sem sentir que está matando pobre de fome.

Tudo fica pior quando notamos que temos uma geração repleta de jovens sem personalidade e em estado de anomia, sem objetivos ou perspectivas por conta das intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.

Isso afeta drasticamente a forma como esses jovens constroem a sua identidade, aumenta seu grau de ansiedade e insegurança, fazendo com que eles absorvam desesperadamente qualquer elemento de cultura ou informação que eles tenham à disposição e se adeque ao seu crivo moral interno.

Como resultado, temos uma geração inteira desesperada por pautas sociais e a garantia de valores moralmente válidos, que acredita que qualquer ação é justa para a manutenção ou exercício dessa agenda, por mais insustentável que seja.

A partir disso surge o maniqueísmo cotidiano.

Nesse cenário, esperamos que medidas humanistas sejam originalmente de grupos de “esquerda” e medidas estruturantes ou de austeridade sejam de grupos de “direita”.

Atacamos uns aos outros e demonizamos os próprios institutos humanitários e estruturantes, ao invés da nossa própria incapacidade de construir um ambiente sustentável para todos, que não esfarele no fim de um governo, ou esteja a mercê da identidade de uma única pessoa.

É muito triste ter que vir aqui e afirmar que, sim, é possível ter empatia para com o próximo e sua condição de vulnerabilidade sendo de direita, bem como é possível criar todo um plano de governo legítimo e adequado para perdurar para as próximas gerações, e melhorar a qualidade de vida de todos, sendo de esquerda.

Eu esperava que isso fosse óbvio.

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