Suponha que a partir de amanhã, cadeiras de madeira entrem na moda. As pessoas irão comprar mais e tão logo as lojas de móveis verão seu estoque de cadeiras zerado. Prontamente elas irão encomendar um volume enorme dos fabricantes, que também esgotarão sua capacidade de atender à demanda. Os fabricantes aumentarão o volume de produção, e para isso precisarão expandir as instalações físicas, contratar mais profissionais e adquirir mais insumos. Para expandir as instalações precisam de crédito, e como a oferta não se altera por isso, terão de pagar mais por ele. Para contratar, precisam elevar o patamar salarial dos marceneiros e absorver profissionais inexperientes e pouco produtivos (de outros setores). Para terem acesso a mais insumos (madeira, elementos de fixação, cola), precisarão pagar mais aos seus respectivos fornecedores, uma vez que eles também terão de expandir suas respectivas produções e enfrentarão os mesmos problemas (crédito, mão de obra, insumos e etc).
Com a subida de preços, esses insumos também se tornarão mais escassos para todos os demais usos, como — no caso da madeira — a fabricação de lápis, armários, guitarras e etc. Portanto, os demais setores que também dependem dessa madeira precisarão repassar os custos e verão as vendas cair. Essa reação em cadeia continua indefinidamente mas iremos parar por aqui.
Uma sociedade que decidiu comprar mais cadeiras é uma sociedade que terá que usar menos madeira pra fazer outras coisas, menos crédito para investir em outras coisas, menos profissionais para trabalhar em outras coisas e assim por diante; e toda a informação necessária para reorganizar a estrutura de produção de modo a reequilibrar oferta e demanda entre os diversos setores interdependentes está condensada no sistema de preço.
Se a quantidade de impactos de uma simples alteração na demanda por cadeiras é indeterminada, imagina todos os impactos das infinitas preferências individuais das bilhões de pessoas para os milhões de setores que se alteram a cada dia? Complicado, né? Agora imagina se tudo isso tivesse que ser executado de maneira planejada por uma autoridade central, sem o auxílio do sistema de preços? Fica clara a dimensão descomunal do problema.
Quando Hayek escreve sobre a ineficiência crônica do socialismo, é mais ou menos disso que ele tá falando.
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O texto não ilustra nem expõe claramente qual a falha do socialismo, ainda pior trata como se todo socialismo fosse centralizador, ou adepto do comunismo de guerra, como foi o soviético e outros. O exemplo da cadeira é fraco, pois não é um item de necessidade, é como o texto do artigo, supérfluo sem ser nada claro.
O problema aparentemente ficou claro sim, toda a cadeia de um produto depende de uma complexa série de relações que é gerenciada de forma descentralizada pelas as partes envolvidas, gerenciamento que seria impraticável em uma gestão centralizada, e de fato é o que ocorreu em experiência socialistas anteriores. Não é um item de necessidade, assim como a maioria do consumo moderno, as pessoas nem sempre consomem algo por necessidade, mas mesmo itens de necessidade seguem a mesma lógica.