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setembro 26, 2020

Existe um sentimento justificado dentro do cidadão mediano dizendo pra ele que o governo Lula foi melhor que o governo FHC. Isso decorre do fato inegável que a economia avançou mais no período petista que no período tucano. Mas olhar a situação desta forma simplista atrapalha o debate mais do que ajuda. O Brasil, como qualquer país na era da globalização, depende e muito do cenário externo pra tudo. Um período difícil para a economia global — principalmente para as economias latino-americanas — será um período difícil pra nós, e não há presidente milagroso que resolva. O contrário é análogo: Em um período de bonança externa, um governo precisaria ser muito incompetente para não colher bons frutos.

Quando avaliamos os dois governos, precisamos ter em mente que 1994–2002 foi um período terrível para as economias emergentes: Crise do México (94), crise dos Tigres Asiáticos (97), crise da Rússia (98), colapso argentino (2001), escassez de investimentos externos e commodities desvalorizadas. O extremo oposto é verificado entre 2002–2010: Boom de commodities e investimentos, economia global decolando e países emergentes ganhando importantes fatias de mercado.

Tendo isso em mente, fica claro que uma comparação mais honesta neste caso seria avaliar os ganhos de desenvolvimento humano e renda per capita não só em termos intertemporais (FHC X Lula), mas também em termos relativos às economias que se parecem com a nossa.

Elaboramos as tabelas abaixo com as 10 maiores economias latino-americanas (população) para comparar os ganhos percentuais de IDH e PIB per capita (PPC) entre os 2 períodos.

Curiosidades:

1) O IDH, índice de desenvolvimento humano, considera dados sobre renda, educação e expectativa de vida.

2) O ganho elevado de renda da Argentina entre 2002–2010 não pode ser considerado, de todo, crescimento. Após o colapso de 2001, a economia argentina afundou brutalmente, daí se explica a variação negativa observada entre 1994–2002. Parte deste ganho de renda nos anos posteriores foi apenas retomada dos níveis potenciais de emprego e atividade econômica e não crescimento da capacidade produtiva.

3) O neoliberal malvadão do Chile vem crescendo de forma totalmente espetacular entre os 2 períodos. Por que será? Aliás, o Chile é o país do continente americano que mais cresceu de 1980 pra cá.

4) Em termos de desigualdade social, melhoramos mais no governo Lula que no governo FHC. Mas assim como nestes 2 indicadores mostrados, também nos saímos melhor em relação aos nossos vizinhos no governo tucano: A desigualdade diminuiu pouco num período em que ela estava aumentando em grande parte da América Latina.

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